Sentimentos. Vontades. Desabafos... Onde sons e palavras se encontram para desvendar o mistério do meu lugar preferido.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Condição Imutável - Punição Gratuita


Música sugerida - Dance With Night Wind

Acordei de repente, assustado
Ainda era noite
Vi que minha esposa não estava na cama
Fiquei preocupado o fui procurá-la
Não adiantava, olhei em todos os cômodos da casa
Ela não estava em casa
Quando passei pela sala vi que a porta estava um pouco aberta
Fui olhar lá fora
Não adiantou...ela não estava lá
Quando ia voltar pra dentro, um sussurro na minha mente me congelou
"Abandonado"..."Abandonado"
E como se um vento forte tivesse soprado de repente
Muitas folhas secas que estavam no gramado começaram a voar como se formassem um caminho em direção a uma floresta ali perto
Foi só por um segundo...
Não queria ir até a floresta
"Covarde" a voz sussurrou de novo.
Não estava entendendo nada
Mas eu sabia que tinha que ir na floresta
Precisava saber o que estava acontecendo
Precisava achar minha esposa.
Comecei a andar por entre as árvores
Uma neblina muito densa ia se formando
O medo que me tomou foi muito intenso
Mas continuei andando
"Você não vai aguentar a verdade". Aquela voz me surpreendeu de novo." 
"Eu aguento sim" falei em voz baixa.
Sempre preferi a verdade do que a mentira, não importa o peso dela.
Aquela voz estava errada, pelo menos era o que eu pensava.
Comecei a ouvir passos, passos sem sincronia.
Uma luz começou a crescer.
Parei então encostado numa árvore, de modo que a luz não me revelasse.
Quando olhei  na direção da luz, fiquei assustado!
Era minha mulher a dona daqueles passos desritmados.
Ela dançava  com os braços abertos na altura dos ombros.
Ela girava e pulava de olhos fechados. Sem esbarrar em nenhuma árvore.
Não podia negar que ela estava linda dançando daquele jeito...
Ela parecia leve, livre de qualquer tipo de coisa.
A luz penetrava na névoa e tornava aquela cena muito hipnotizante!
Não conseguia ver de onde a luz vinha!
Precisava levá-la pra casa.
Caminhei na direção dela. Peguei em seu braço!
Ela berrou muito alto. "NÃO"
"Não me toque! nunca mais seu sujo!"
Ela ainda estava de olhos fechados.
Perguntei o que estava acontecendo.
Ela me empurrou pra uma árvore! A pancada foi tão forte que me quebrou alguns ossos...cuspi sangue! Sangue que sujou o rosto dela.
A dor era incrível, não conseguia me mexer
Ela dizia que eu tinha condenado ela, que eu era cego, um fraco.
"Por que?" Eu perguntava.
Não era pra você ter me salvado! Era pra você ter me deixado morrer. Não era pro seu amor me prender aqui. Mas você vai pagar!"
Ela começou a me morder...eu não podia me mexer! Ela estava me comendo vivo...ela estava me matando.
Olhei por trás dela e vi uma pessoa encapuzada! Só consegui distinguir dois olhos vermelhos muito brilhantes.
"Eu disse que você não ia aguentar a verdade, quem é você pra interferir no destino? As coisas tem que acontecer do jeito que eu quero! Quando eu quero alguma coisa, eu sempre vou ter! Você é apenas lixo...não pode me comandar. Mas eu te comando, eu comando o tempo de todas as pessoas, você gostando ou não, você não tem poder sobre mim...
E agora, você já sabe que eu existo e que você nunca vai me enganar! Acorde e apenas viva...tranquilamente....."
Minha visão escureceu...
"Isso foi real?" Eu pensava.
Acordei ao lado do túmulo da minha mulher e me lembrei que tinha ido visitá-la
Olhei na inscrição da lápide, lá estava o nome dela e a frase: "Não há destino exceto o que fazemos".
E então pensei: "Será?"

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